Baiana de acarajé denuncia caso de intolerância religiosa em Portugal
Carol fez um texto e divulgou nas redes sociais para expor situação, porque em Portugal a atitude preconceituosa não é considerada crime
Foto: Reprodução/Redes Sociais
Uma baiana de acarajé de 41 anos denunciou ter sido vítima de intolerância religiosa em Lisboa, capital de Portugal, onde mora e trabalha há 21 anos.
Um homem, identificado como Ruan Victor, avaliou o estabelecimento de Carolina Alves de Brito na internet da seguinte forma: “Não recomendo. Massa de acarajé mole e também o ambiente pesado com bonecos com tabaco na boca incentivando magias malignas”. As informações são do g1
"Pela primeira vez, em mais de mil avaliações no Google, fomos vítimas de intolerância religiosa, que é crime no Brasil e prevê pena de 2 a 5 anos de prisão, diferentemente daqui de Portugal, onde a atitude preconceituosa não é considerada crime", afirmou a baiana nas redes sociais.
O comentário foi feito na segunda-feira (24). Carol, como é conhecida, fez um texto e divulgou nas redes sociais para expor a situação, porque em Portugal a atitude preconceituosa não é considerada crime.
"Respeitamos todas as crenças e exigimos esse mesmo respeito com a nossa, o Candomblé, religião afro-brasileira em que cultuamos divindades de origem africana, os orixás", pontuou Carol, nas redes sociais.
Na publicação, Carol afirmou ainda que os afro-brasileiros são discriminados por conta do preconceito com a tradição africana/afrodescendente. "O racismo é causa fundamental do preconceito ao candomblé e demais religiões afro-brasileiras", completou.
A baiana de acarajé afirmou ainda que quem frequenta o "Acarajé da Carol" sabe que o local é um "ambiente repleto de axé".
"Jamais deixaremos de reverenciar nossos ancestrais, pois essa é a nossa grande missão. Hoje e sempre vamos gritar contra todas as formas de preconceito", ressaltou.
Nos comentários, seguidores da baiana de acarajé mandaram mensagens de apoio.
De Salvador para Portugal
Nascida e criada em Salvador, Carol cresceu envolta às tradições das comidas de dendê no bairro de Itapuã. A soteropolitana aprendeu os segredos da culinária baiana em família e começou a trabalhar com baiana de acarajé ainda na adolescência.
Quando completou 18 anos, se mudou para Portugal após o convite de um casal português, que visitava Salvador e se encantou pelo acarajé feito por ela. No país, sempre trabalhou com culinária baiana.
Após anos com venda semanal de acarajé Casa do Brasil, em Lisboa, Carol abriu o restaurante no Bairro Alto, muito semelhante às ruas do centro histórico de Salvador.
Para o acarajé e o abará ficarem genuinamente soteropolitanos, a baiana faz todo o preparo do feijão de forma manual e os serve com camarão seco da capital baiana.
Carol também é especialista em outras delícias da culinária baiana, como moqueca de peixe e mista, moqueca e bobó de camarão e bolinho de estudante.
Entradas e pratos encontrados em diversos restaurantes de Salvador também estão entre suas especialidades: feijoada (somente aos domingos), escondidinhos de carne seca, camarão e vegetariano, carne do sol com aipim, linguiça com aipim, entre outros.